terça-feira, 9 de julho de 2013

Dom Vicente Marchetti Zioni


     Retomando meu blog, confesso, resolvi apelar e publicar aqui um texto já pronto, que escrevi para o livro Um homem – relatos sobre a vida de Dom Vicente Marchetti Zioni, organizado por Adriana Ribeiro Fontes, Lívia Almeida, Maria Eni Ribeiro de Mello, Renato Vieira de Mello e Wellington Lopes.


     Um exemplo até mesmo nas pequenas coisas



     Meu avô parava a caminhonete em frente de casa e ao ouvir o barulho eu já ia correndo ao seu encontro. Outras vezes ficava na porta, já esperando. Na maioria das vezes o programa era ir para o sítio. Mas também havia algo que, apesar das lembranças vagas, eu gostava: pegar as malas dos cursilhistas na Catedral e levar para a Casa Santo Inácio. O velho Anacleto Ivo Garzezi queria a minha companhia e eu a dele. Mas a “desculpa” era que ele precisava da minha ajuda, o que era impossível, pois com menos de 10 anos de idade, eu não suportava o peso daquelas cargas.
     Mas já começava aí a ficar clara a importância da Igreja Católica na minha vida e de quebra tive ainda o privilégio de ter conhecido dom Vicente Ângelo José Marchetti Zioni, com quem mais tarde eu teria maior contato. Esses momentos me fizeram ter mais histórias com o meu avô e ver pelas primeiras vezes o arcebispo, uma figura tão chamativa e emblemática para um garotinho. Naquele momento, começava a ser forjado o futuro coroinha Stéfano Garzezi Cassetari. Não sei explicar tão bem o motivo de tanta emoção, mas havia inclusive uma certa magia nisso tudo. Talvez o ambiente e a figura de dom Zioni proporcionassem esse sentimento.


     E hoje também digo com orgulho que meu avô trabalhou para o cursilho, inclusive na cozinha desse movimento criado por dom Vicente em nossa Diocese.



     A agitação antes das missas celebradas pelo arcebispo



     Geralmente as missas tinham mais de 10 coroinhas auxiliando o padre Ludovico de Lara Camargo. Mas quando alguém ficava sabendo que alguma missa seria celebrada por dom Vicente Marchetti Zioni, a notícia se espalhava e esse número ao menos dobrava. Uma boa parte da criançada – e naquele tempo só havia meninos como coroinhas e todos bem jovens – não escondia a empolgação. Havia muita agitação, apesar daqueles que eram mais tranquilos quanto a isso. E quando era usado incenso, havia muita expectativa para decidir quem levaria o turíbulo. Com muita alegria, posso dizer que eu era um dos meninos em meio a isso tudo.
     E depois das missas de domingo sempre tinha um jogo de futebol no campo que ficava atrás do Seminário.
     Lembro-me de alguns dos coroinhas, mas nem todos os que citarei jogavam bola: Vinícius Fonseca Rodrigues, Daniel Salvador, Luís Roberto Gatto, Eduardo Nardini, Renato Castro, Milton Flávio Lautenschlager Filho, Gustavo Kurosawa, Marcos César Paes, dentre outros que a memória não ajuda a resgatar os nomes, apesar de ver tão bem os rostos em minha mente.
     O jeito daquele arcebispo era inspirador. Parecia reservado, equilibrado, mas ao mesmo tempo era doce nas palavras e solícito também. Eu sempre o bombardeava com perguntas, muitas até bobas, algo natural para um garoto tão novo, mas ele estava sempre pronto para responder. Ao mesmo tempo em que impunha respeito com sua simples presença, além do gestual e da fala, era um bom ouvinte e incentivador da nossa participação. Eu achava que ele parecia um pouco com o meu avô e que ambos tinham o jeitão do John Wayne, meu herói dos filmes de faroeste. Coisas de criança...
     Enfim, é impossível falar da minha infância sem falar dessa época, dos amigos conquistados nesse ambiente, da igreja e de dom Zioni.



     A chegada ao TLC



     “Dai-me, Senhor, a graça de melhor vos conhecer”.
     Esse trecho da Oração do TLC, feita por dom Zioni, foi uma das coisas mais marcantes quando fiz o Treinamento de Liderança Cristã, a convite de uma amiga. Foi aí que pude conhecer mais do legado do arcebispo com o qual pude conviver durante vários anos. Naquele momento entendia e sentia que ao criar esse movimento, ele estava nos proporcionando uma chance tão importante de conhecer Deus, de uma forma mais bonita e marcante.
     Acho curioso lembrar ainda que me chamava a atenção saber que dom Zioni, já octagenário, acessava a internet. Pessoas muito mais jovens, naquela época, tinha dificuldade em navegar na web Eu achava isso o máximo! Um exemplo até mesmo nas pequenas coisas.
     De qualquer forma, dom Zioni deixou sua marca nas pessoas através de sua atuação. E isso foi o mais importante.

     - Stéfano Garzezi Cassetari.